Perco-me nesses teus olhos que dizem tanto mesmo quando não
querem dizer nada.Seu olhar é de ressaca;dá vontade de aprender a fazer café, colocar naquelas
xícaras bem bonitas e andar em sua direção de maneira cuidadosa, para que não
se assuste com a minha maneira de cuidar.Vejo
sua força explicita em cada gesto,mas ao mesmo tempo enxergo uma fragilidade
camuflada entre as duras palavras.
Sinto teu apelo por amor entre nossos olhares.Sinto tua
repulsa em dias depressivos,quando sua casa está nublada e você só quer deixar
chover .Deixa chover,ponha a tempestade para fora e depois venha pra varanda
ver
o sol que pintei.Eu fui por aí ver flores no deserto,moinhos,e frutas da
estação.Enquanto o seu quarto alagava eu planejava uma nova maneira de dançar
na sua sala.Rodopiando lentamente encontrei o caminho de volta pros teus
braços;acertamos o passo.Vez ou outra te deixo dançar com a solidão,vez em
sempre nos encontramos pra dançar a mesma canção.
É tanto carinho que renasce aos domingos e se prolonga pela
semana .Carinho que abre caminhos de volta,joga incertezas fora,e finca o amor
mais certo e puro: o amor de nós dois,aquele que não persegue,mas espera pelo
momento certo para amadurecer ,crescer,e florescer.
Vai ter inverno nessa história,mas os verão será mantido e
aguardado como quem espera pela primeira vez.Com os olhos brilhando,corpo
tremendo,e a fé mantida pela inocência de uma criança.Vai chover,vai molhar e
até pode inundar,ainda assim,o sol sempre será pintado com aquele giz guardado na
primeira gaveta do quarto.